Odor forte representa uma infecção quando vem acompanhado de secreções, coceira, ardência e dor
Foto: Getty Images
Por trás de uma atitude que aparentemente seria apenas uma questão de higiene, existe um incômodo feminino velado: a má relação com o próprio cheiro, ou melhor, com o odor natural da região genital. “A mulher não lida bem com o odor da vulva nem com a secreção normal”, atesta a ginecologista Carolina Carvalho Ambrogini, coordenadora do Ambulatório da Sexualidade Feminina da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).
Para a médica, isso está relacionado à falta de intimidade com o próprio corpo, o que é fruto de uma educação sexualmente repressiva. “É comum a mãe dizer à filha para não colocar a mão na genitália por ser ‘suja’ ou ‘nojenta'”, diz Carolina. Isso explica por que tantas mulheres usam os produtos de higiene íntima diariamente e de forma até exagerada. “Eles não são essenciais para uma boa higiene íntima”, revela. Entenda os motivos.
O que é pH vaginal?
Trata-se do grau de acidez que mantém a flora vaginal em equilíbrio e impede a ação de bactérias. O pH ideal (medido em exames de laboratório) fica entre 3,5 e 4,5. Quando esse número é alterado (por vários motivos, como estresse ou uso contínuo de antibióticos), alguns micro-organismos se proliferam na região, causando infecções vaginais. Produtos de higiene íntima seguem o padrão vaginal (de 3,5 a 4,5) e mantêm a acidez necessária para evitar infecções, mas a higiene íntima não precisa necessariamente ser feita só com esses produtos. “Eles podem ajudar mulheres que vivem tendo infecções ginecológicas”, diz Carolina. O sinal de alerta é quando surgem três infecções em seis meses. “Quem não convive com esse problema não precisa usar esses produtos todos os dias”, completa a médica. “Recomendo usar, no máximo, duas vezes por semana. E, na falta deles, substitua por sabonete neutro ou infantil”, conclui a ginecologista Carolina.
Qual a importância da limpeza?
Mais importante do que “qual produto usar” é “como higienizar” corretamente a vulva, que é diferente da vagina: a primeira é a parte externa e a segunda, a interna. A limpeza, explica a ginecologista, deve ser diária, sempre com água corrente e sabonete comum. “É importante passar os dedos entre os pequenos e grandes lábios para tirar a gordurinha branca produzida naturalmente”, ensina. “Além disso, é proibido lavar internamente a vagina com ducha, porque isso vai desequilibrar o pH e facilitar infecções.” Também não é necessário lavar a região após evacuar: mas a limpeza com papel higiênico deve ser sempre feita da frente para trás, a fim de evitar qualquer contaminação vaginal. Não é preciso também fazer uma limpeza especial após a relação sexual, orienta Carolina. “Basta lavar normalmente com água e sabonete.”
Quando o odor é anormal?
Um corrimento deixa de ser uma secreção natural e vira infecção quando está amarelo, provoca coceira, ardência, dor e odor forte. “Fica igual ao cheiro de peixe podre”, diz a ginecologista Carolina. Se não existe nenhuma dessas alterações, não há motivo para se preocupar. Para as mulheres que se sentem desconfortáveis com a secreção e odor característicos, a médica aconselha a levar na bolsa calcinha extra e limpa, e trocá-la durante o dia. “É muito melhor do que passar encinho íntimo toda hora, porque esse hábito pode retirar a proteção natural”, ressalta a médica. “Mas a limpeza com lencinho uma vez ao dia é até aceitável”. Só durante o período de menstruação esse produto é bem-vindo a qualquer momento.
O que deve ser evitado:
1. Usar absorvente diário todos os dias
Amiga, eles foram feitos para aquele finalzinho de menstruação que não se encaixa nem para usar o absorvente interno e nem um externo normal. Para quem usa todos os dias, a ginecologista e professora da Unifesp, Marair Sartori faz um alerta: “O uso diário de absorventes pode predispor a uma maior umidade na pele do períneo, o que pode acarretar mais secreção vaginal e mais infecções por fungos. O ideal é usar menos vezes ou trocá-los com bastante frequência.”
2. Tentar se livrar do “cheiro” da sua ppk
Olha, vamos combinar algo: a região tem sim um odor particular e que é absolutamente normal. Você só deve se preocupar/ficar alerta quando ele for muito forte e acompanhado de coceira ou ardor.
3….e também do seu corrimento
Todo mundo tem e cada mulher tem um tipo específico, às vezes mais ou menos do que quando comparada com as amigas. MAS TODO MUNDO TEM. “A secreção normal varia com a fase do ciclo menstrual. Assim, no meio do ciclo podemos ter corrimento em forma de muco, espesso, às vezes branco ou pouco amarelo”, explica a Dra. Marair.
5. Noiar com a higiene
CLARO que você quer manter todo seu corpinho cheiroso e limpinho (só porque você quer e se importa com isso, certo?), mas o excesso de limpeza não faz nada bem. Não só para a sua vagina como para o corpo no geral. “O excesso de higiene pode acarretar perda das camadas protetoras da pele. A limpeza deve retirar detritos e sujidades, não a proteção”.
7. Sufocá-la com roupas muito justas e tecidos que não permitem uma boa ventilação.
Assim como eu, como você e todo os seres deste planeta, a sua região íntima também precisa “respirar”. Por isso, siga o conselho da Dra. Marair e prefira calcinhas com fundo de algodão e peças que tenham o tecido na composição. E para quem tem problemas maiores com umidade e fungos, dormir sem calcinhaajuda bastante. “O hábito reduz a umidade, melhora a ventilação e evita acúmulo de fungos. Mas nem todas as mulheres têm esses problemas”.
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